Caras Camaradas, Caras Irmãs da RAWA

Mensagem da Comunidade de Mulheres do Curdistão (KJK) à Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão (RAWA), para o 8 de março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora.

Melina Bassoli
3 min readMar 11, 2024

Traduzido do inglês, original aqui.

Em primeiro lugar, saudamos vocês no dia 8 de Março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, e, com isso, todas as mulheres de todo o mundo que lutam contra a dominação masculina, o colonialismo, o fundamentalismo religioso, o nacionalismo e o capitalismo. Homenageamos respeitosamente todas as mulheres revolucionárias, que perderam as suas vidas por esta causa, e renovamos a nossa promessa de que manteremos vivas as suas memórias na nossa luta e realizaremos os seus sonhos.

Embora lutemos contra diferentes forças coloniais e patriarcais em diferentes países, estamos conscientes de que lutamos contra diferentes versões do mesmo sistema. Por esta razão, vemos a sua luta como a nossa própria luta e carregamos a sua luta na nossa própria luta.

Hoje, em plena 3ª Guerra Mundial, vemos mais claramente que o sistema capitalista se alimenta da crise e da exploração. O sistema capitalista patriarcal mobilizou todas as suas capacidades para a violência, a fim de manter a sua dominação. Novas guerras são travadas todos os dias, pessoas são deslocadas, as suas terras e recursos são confiscados. Morte, pobreza, migração e tortura são infligidas às comunidades. As mulheres e os povos não conseguem respirar sob este sistema.

Embora os Estados-nação, que fazem parte do sistema capitalista, estejam em luta entre si pela dominação mundial, eles conduzem a sua verdadeira guerra contra as mulheres, os povos e a natureza. É como uma guerra não declarada sendo travada contra as mulheres em todo o mundo. Estes ataques feminicidas constituem ataques contra toda a sociedade, os seus valores e a natureza. O fato de o mundo inteiro estar hoje transformado numa zona de guerra é resultado direto do patriarcado. Vendo que o século XXI será o século das mulheres, o sistema hegemônico estatal masculino, apesar de todas as suas contradições, lançou um ataque físico, psicológico, econômico e, mais importante ainda, ideológico contra as mulheres. As mulheres que não obedecem, que adquiriram consciência, que se levantaram e se organizaram, são o seu maior pesadelo. Por esta razão, os assassinatos contra mulheres pioneiras intensificaram-se nos últimos anos e dezenas de milhares delas foram jogadas nas prisões. Todo desenvolvimento que representa a revolução das mulheres está sob o ataque total do sistema. Hoje, os territórios revolucionários de Rojava, onde está sendo construído um sistema de mulheres, estão sob o ataque ininterrupto do estado fascista turco diante dos olhos do mundo.

O sistema estatal masculino hegemônico não percebe que estes esforços são inúteis porque nenhum ataque pode impedir a realidade de que o século XXI será o século da revolução das mulheres. Vemos isso tanto na nossa luta quanto na sua luta. Nenhuma opressão e perseguição nos impede de lutarmos. Pelo contrário, fortalece a nossa determinação de lutar.

Que a luta das mulheres não é apenas uma luta pelos direitos das mulheres foi visto nas revoltas no Irã, quando todos os oprimidos se uniram sob o slogan JIN JIYAN AZADÎ [Mulher, Vida, Liberdade]. Todos os povos do Irã, homens, mulheres e crianças, declararam diante dos seus algozes que a verdadeira liberdade passa pela liberdade das mulheres. Se nós, mulheres, nos unirmos contra todas as políticas de dividir para governar do sistema dominado pelos homens, construirmos a nossa organização local, regional e universalmente e desenvolvermos a nossa autodefesa, nenhum poder poderá derrotar-nos. Como suas irmãs, dizemos: não temos nada a perder, mas temos vidas livres e um mundo inteiro a ganhar.

Viva as mulheres que lutam para criar seu próprio paraíso!

Viva a revolução das mulheres!

Viva o 8 de março!

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